A Câmara dos Deputados aprovou na quarta-feira, 24, por 324 votos a 131, um requerimento de urgência ao projeto de lei que estabelece o marco temporal para demarcação de terras indígenas.

O texto do projeto tem como objetivo consolidar o marco temporal para demarcação das terras indígenas e estabelece ainda, que apenas as terras ocupadas por eles na época da promulgação da Constituição de 1988 poderão ser demarcadas. Isso pode representar uma perda de 63% das terras indígenas demarcadas. Na prática, o projeto permite que os indígenas sejam expulsos de terras que ocupam, caso não comprovem que estavam no local antes de 1988.

Com a aprovação do regime de urgência, o texto pode ser votado diretamente em plenário na Câmara. Se for aprovado, segue para análise do Senado e continua para a sanção presidencial. Então, o presidente Lula pode sancionar ou vetar o texto.

O que diz a Funai

A presidente da Funai, Joenia Wapichana, destaca que o PL 490/07 é inconstitucional.

Foto: Lohana Chaves / Funai

A presidenta da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), Joenia Wapichana, diz que a Constituição Federal de 1988, no artigo 231, garante aos povos indígenas os seus direitos originários, imprescritíveis, indisponíveis e inalienáveis. “A demarcação de terras é um direito dos povos indígenas e um dever constitucional do Estado brasileiro, realizado pela União, mais especificamente pela Fundação Nacional dos Povos Indígenas. O PL 490/07 e seus projetos apensados são um risco. Em nenhum momento, por exemplo, se teve o cuidado de consultar os povos indígenas sobre as propostas, o que é exigido pela Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), da qual o Brasil é signatário. Esse projeto sequer poderia estar tramitando nesta Casa”, pontuou a presidenta.

Ministra dos povos indígenas

Foto: Governo Federal

A ministra dos povos indígenas, Sônia Guajajara, disse que “o Marco Temporal é um genocídio legislado. Uma teoria que inverte toda a história do Brasil. Um projeto de lei que atenta contra a Constituição Brasileira”, destacou.

Entenda o Marco Temporal das Terras Indígenas

O PL 490, de autoria do deputado Arthur Maia (União-BA), busca alterar o acordado na Constituição e estabelecer um Marco Temporal como critério para todas as demarcações de terras indígenas, inclusive as já homologadas.

Deputados paranaenses

A deputada Carol Dartora (PT-PR), votou contra o requerimento de urgência para o Marco Temporal e repudiou a pressa pela votação. “O regime de urgência que acaba de ser aprovado retira a capacidade de uma discussão satisfatória. Isso também desrespeita a comissão de povos indígenas que solicitou o retorno do projeto para a realização de audiência pública para discussão do projeto”, afirmou.

“Infelizmente seguimos com nosso histórico de violência com o povos originários”, ressaltou a deputada.

Já o deputado Pedro Lupion (PP-PR) comemorou a aprovação do regime de urgência e votou favorável. “Acabamos de ter uma vitória importantíssima para garantir segurança jurídica no campo. Com 324 votos SIM, aprovamos a urgência ao PL 490/2007, que coloca na lei o Marco temporal de demarcações de terras indígenas. Votação deve ocorrer na semana que vem”, disse o deputado.

Confira como votaram os deputados paranaenses pelo Marco Temporal

NÃO | Aliel Machado – PV

NÃO | Carol DartoraPT

NÃO | Delegado Matheus LoiolaUnião Brasil

SIM | Deltan DallagnolPodemos

SIM | Diego GarciaRepublicanos

SIM | Dilceu SperaficoPP

SIM | Felipe FrancischiniUnião Brasil

SIM | Filipe BarrosPL

SIM | Geraldo MendesUnião Brasil

SIM | GiacoboPL

NÃO | Gleisi HoffmannPT

SIM | Luciano AlvesPSD

NÃO | Luciano DucciPSB

SIM | Luísa CanzianiPSD

SIM | Luiz NishimoriPSD

SIM | Marco BrasilPP

SIM | Paulo LitroPSD

SIM | Pedro LupionPP

SIM | Reinhold StephanesPSD

SIM | Rodrigo EstachoPSD

SIM | Sargento FahurPSD

SIM | Sérgio SouzaMDB

NÃO | Tadeu VeneriPT

SIM | Tião MedeirosPP

SIM | Toninho WandscheerPP

SIM | Vermelho – PL

NÃO | WelterPT

NÃO | Zeca DirceuPT