Circulam em redes sociais postagens fabricadas com imagens de alerta com a mensagem: “deixem nossas crianças em paz”. A arte em questão tem uma foto de uma criança em perigo e os dizeres “as escolas devem equipar crianças para ter parceiros sexuais”, diz a ONU e OMS.
É falso
A informação divulgada nessas postagens é falsa. Isso porque a ONU e a OMS nunca recomendaram “equipar escolas para crianças terem parceiros sexuais” ou que “crianças tenham parceiros sexuais”.
As postagens falsas relacionam a ONU e a OMS a um estudo realizado em 2018 sobre Diretrizes Técnicas Internacionais sobre Educação Sexual (ITGSE) publicadas por agências da ONU, incluindo o Fundo de População das Nações Unidas e outros documentos sobre educação sexual para crianças e adolescentes publicados por organizações afiliadas à ONU. Mas em nenhum momento fala-se em incentivar parceiros sexuais na infância. O estudo explica o que seria a educação sexual abrangente.
O texto do estudo fala que: “A educação sexual abrangente (CSE) é um processo baseado em currículo de ensino e aprendizagem sobre os aspectos cognitivos, emocionais, físicos e sociais da sexualidade. Tem como objetivo equipar crianças e jovens com conhecimento, habilidades, atitudes e valores que os capacitarão a: realizar sua saúde, bem-estar e dignidade; desenvolver relações sociais e sexuais respeitosas; considerar como suas escolhas afetam seu próprio bem-estar e o dos outros; e, entender e garantir a proteção de seus direitos ao longo de suas vidas”.
Will Zeck, chefe do Departamento de Saúde Sexual e Reprodutiva do UNFPA, disse à Reuters que a citação circulante é falsa.
“O CSE é falsamente acusado de sexualizar crianças, introduzir material sexualmente inapropriado para crianças pequenas muito cedo, prepará-las para abuso sexual e promover a homossexualidade. A verdade é que os benefícios para a saúde do CSE estão bem documentados, embora não exista nenhuma evidência credível para apoiar essas alegações”, acrescentou Zeck.
Desinformação em saúde no Brasil
A médica Luana Araújo falou sobre essas postagens falsas em suas redes sociais na segunda-feira, 22.
Sobre a educação reprodutiva, citada no estudo publicado em 2018, a médica explica que “educação reprodutiva não é falar sobre como se faz sexo. Significa falar sobre limites de relações familiares, respeito, consentimento, autonomia, puberdade e menstruação, contracepção e gravidez, infecções sexualmente transmissíveis, entre outros”, detalhou.
Onde denunciar abuso sexual infantil
Polícia Miliar 190: quando a criança está correndo risco imediato.
Samu 192: para pedidos de socorro urgentes.
Delegacias especializadas no atendimento de crianças ou de mulheres.
Qualquer delegacia de polícia.
Disque 100: recebe denúncias de violações de direitos humanos.