Durante depoimento à CPMI do 8 de Janeiro na quinta-feira, 17, o hacker Walter Delgatti trocou acusações com o senador Sergio Moro (União-PR).

O senador e ex-juiz da Lava Jato no Paraná tentou descredibilizar o depoimento de Delgatti, o qual afirmou que o ex-presidente Jair Bolsonaro o teria pedido para tentar fraudar as urnas eletrônicas durante o processo eleitoral em 2002. Moro atribuiu ao hacker uma série de crimes e disse que “muitos estão vendo o depoimento desse senhor como um herói, mas ele é um criminoso”.

Foto: Geraldo Magela / Agência Senado

O hacker, por sua vez, se explicou dizendo que “fui vítima de uma perseguição em Araraquara, equiparada à que vossa excelência fez com o presidente Lula”, disse Delgatti a Moro.

“Li as conversas de vossa excelência, li a parte privada, e posso dizer que o senhor é um criminoso contumaz. Cometeu diversas irregularidades e crimes”, afirmou Delgatti, acusando Sergio Moro.

“Vaza Jato”

Delgatti ficou conhecido como o hacker da “Vaza Jato” por ter supostamente invadido os celulares de autoridades envolvidas na Operação Lava Jato. Ele afirmou que acessou as conversas do então juiz Sergio Moro, o qual comandava a Operação No Paraná, e do ex-procurador Deltan Dallagnol.

Foto: Marcos Oliveira / Agência Senado

Há quatro anos, Delgatti vazou as conversas da Lava Jato e as encaminhou para o site The Intercept, o qual iniciou uma série de reportagens sobre o assunto.

Na ocasião, foi mostrado que o então juiz Sergio Moro, que hoje é senador, cedeu informação privilegiada à acusação, auxiliando o Ministério Público Federal (MPF) a construir casos.

Walter Delgatti Neto foi preso em julho de 2019, na Operação Spoofing da PF. Na época, ele confessou que hackeou Moro, o ex-procurador Deltan Dallagnol e outras centenas de autoridades.

Em 2020 o hacker passou à condição de liberdade condicional, porém, foi preso novamente em junho deste ano após violar a ordem judicial que o impedia de acessar a internet. No início de julho, a 10.ª Vara Federal Brasília autorizou a soltura de Walter Delgatti Neto.

Depoimento do hacker à CPMI

O hacker Walter Delgatti Neto disse na quinta-feira, 17, que o ex-presidente Jair Bolsonaro pediu que ele assumisse a autoria de um grampo ilegal contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes em troca de um indulto para livrá-lo da cadeia. Delgatti presta depoimento à CPMI do 8 de Janeiro.

Segundo o depoente, a proposta ocorreu em um telefonema intermediado pela deputada federal Carla Zambelli (PL-SP). De acordo com o hacker, a conversa ocorreu em 2022, antes do primeiro turno das eleições. O objetivo do grampo, segundo ele, seria minar a confiança da população no processo eleitoral e no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), presidido por Moraes.

Walter Delgatti Neto respondeu aos questionamentos da relatora da CPMI, senadora Eliziane Gama (PSD-MA). De acordo com o hacker, no mesmo telefonema Jair Bolsonaro teria prometido livrá-lo de um eventual pedido de prisão pelo crime. “Ele disse que, em troca, eu teria o prometido indulto. E ele ainda disse assim: “Fique tranquilo. Caso algum juiz te prender, eu mando prender o juiz”. E deu risada. Eu concordei porque era uma proposta do presidente da República. Por medo, retornando à minha residência, entrei em contato com jornalista da Veja e contei isso a ele”, disse Delgatti.

Com informações da Agência Senado