Falta o pão de cada dia na mesa do brasileiro, mas a famosa expressão “política do pão e circo”, aquela que remete ao tempo em que imperadores em Roma davam pão e trigo para os pobres nos espetáculos de luta de gladiadores, é bastante característica no “país do futebol”.

Protesto contra a Copa América na Colômbia, La copa de sangre

O “pão e circo”, método utilizado por qualquer governo baseado em dar diversão e alimento ao povo, tem como foco distrair as pessoas dos problemas sociais. Será que esse é um dos métodos utilizados pelo Brasil em 2021, quando mais de 461 mil pessoas foram vítimas do novo Coronavírus? Faz-se pensar.

Dois dias após a população ir às ruas pedir o “impeachment” do atual presidente do Brasil e reivindicar por comida, vacinas, saúde, emprego, educação, ciência, entre tantos outros, a Conmebol (Confederação Sul-Americana de Futebol), entrou em contato com a CBF (Confederação Brasileira de Futebol) e propôs a realização do torneio no Brasil.

Números da pandemia

Enquanto a Argentina e Colômbia desistiram de receber a competição em função da gravidade da pandemia da Covid-19, o Brasil aceitou a decisão.
Em estatísticas, o Brasil ultrapassou a Itália, Eslovênia e Bélgica e se tornou o 9.º país com mais mortes por Covid-19 proporcionais à sua população. Em termos absolutos, o Brasil é o 2.º país mais afetado do mundo, com mais de 461 mil mortes por Covid-19, atrás apenas dos EUA, que tem 594 mil óbitos e é o 17.º no ranking proporcional.

Estados se posicionam

Sobre a realização da competição nos estádios, a Bahia disse que, caso a Copa América exija público nos estádios, o Estado não receberá a competição. Em Pernambuco, O governo do Estado afirmou que não sediará os jogos. Já o governo do Rio Grande do Norte informou que, por causa da pandemia da Covid-19, o Estado não tem “segurança epidemiológica” para sediar jogos da Copa América. 
O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), disse que a realização da Copa América no estado seria “inoportuno e inconsequente”.
 

Futebol e vida

No mês passado, a Conmebol havia anunciado um aumento na premiação da Copa América, com o campeão passando a faturar US$ 10 milhões (cerca de R$ 57 milhões), além dos US$ 4 milhões (quase R$ 23 milhões) que cada seleção recebe por participar do torneio. Na edição anterior, disputada em 2019 no Brasil, o campeão levou US$ 7,5 milhões.
 
Mas, quanto vale uma vida? Será que há maior competição nesse momento, que vencer um vírus o qual tem destruído e deixado órfãos pais, mães, filhos e filhas de uma nação?
 

Países com mais mortes por Covid-19 do mundo nos últimos 7 dias 

(média diária proporcional à população):

Paraguai: média de 14,48 óbitos por dia a cada 1 milhão de habitantes
Uruguai: 14,06
Bahrein: 11,17
Argentina: 10,72
Trinidad e Tobago: 10,62
Suriname: 10,47
Colômbia: 9,99
Brasil: 8,64
Maldivas: 7,66
Ilhas Seychelles: 7,26
Macedônia do Norte: 6,65
Bolívia: 6,19

Fotos: AFP