O Brasil carrega uma história de 300 anos de escravidão. Dentre os países da América, o nosso foi o último a abolir a escravidão negra formalmente, em 1888. Depois de mais de um século, ficou enraizado no inconsciente coletivo da sociedade brasileira um pensamento que marginaliza as pessoas negras, as impede de se constituírem como cidadãs plenas.

É preciso dar um basta às expressões naturalizadas pela sociedade que rementem ao racismo.

“A coisa tá preta”

A fala racista se reflete na associação entre o “preto” e uma situação desconfortável, desagradável, difícil e perigosa.

“Inveja Branca”

A ideia do branco como algo positivo é impregnada na expressão que reforça, ao mesmo tempo, a associação entre preto e comportamentos negativos. Isso é crime!

“Denegrir”

Sinônimo de difamar, possui na raiz o significado de “tornar negro”, como algo maldoso e ofensivo. Contexto usado de forma errada e racista.

“Cabelo ruim”

Fios “rebeldes”, “cabelo duro”, “carapinha”, “piaçava” e outros tantos derivados depreciam o cabelo afro.
Por vários séculos, causaram a negação do próprio corpo e a baixa autoestima entre as mulheres negras sem o “desejado” cabelo liso.
Nem é preciso dizer o quanto as indústrias de cosméticos, muitas originárias de países europeus, se beneficiaram do padrão de beleza que excluía os negros.

“Feito nas coxas”

A origem da expressão popular “feito nas coxas” deu-se na época da escravidão brasileira, onde as telhas eram feitas de argila, moldadas nas coxas de escravos.

“Serviço de preto”

Mais uma vez a palavra preto aparece como algo ruim. Desta vez, representa uma tarefa malfeita, realizada de forma errada, em uma associação racista ao trabalho que seria realizado pelo negro.
“Mercado negro, magia negra, lista negra e ovelha negra”: Entre outras inúmeras expressões em que a palavra ‘negro’ representa algo pejorativo, prejudicial, ilegal.

“Amanhã é dia de branco”

Essa expressão tem muitas explicações. De acordo com estudiosos e por explicações do senso comum, tal afirmação foi criada em alusão ao uniforme da marinha. Outra justificativa para a declaração é feita com menção a nota de mil cruzeiros, que possuía a estampa do Barão do Rio Branco e, portanto, usava trajes brancos. Resumindo, dizer que o dia posterior é “de branco” significa que é um dia de trabalho ou de ganhar dinheiro. Mas, sabe-se que tal dito popular foi ganhando sentidos preconceituosos, uma maneira de demonstrar a “inferioridade dos negros”.