Um guia para o combate à desinformação
Em 2017, o termo “fake news” foi eleito como a “palavra do ano” pelo dicionário em inglês da editora britânica Collins. Desde então, o termo se popularizou e tomou conta do mundo.
Vale lembrar que a expressão se tornou mundialmente conhecida em 2016, durante as eleições à presidência nos Estados Unidos. As campanhas eleitorais no país foram marcadas pela divulgação massiva de conteúdos falsos e sensacionalistas com viés político.
O ex-presidente Donald Trump, que concorria ao cargo, intitulou como “fake news” todas as notícias que eram contra ele e as quais ele não concordava. Mas, nem tudo que é discordante ou errado ou contrário a uma opinião pode ser chamado de “fake news”.
Nessa mesma eleição, foram usadas informações e discursos falsos pelos candidatos para manipular a decisão de voto da população.
“Fake news” é um termo popular que faz parte de um contexto da desinformação.
São informações e conteúdos falsos, fabricados, imprecisos, enganosos e tendenciosos, criados com a intenção de confundir, enganar e ou manipular.
O termo mais correto a ser usado no lugar de “fake news” é conteúdo com desinformação. Mas, o termo se tornou popular e é utilizado para descrever as situações elencadas acima.
Se uma informação é considerada como mentira, então ela não pode ser nomeada como notícia. Isso porque o jornalismo tem como princípio básico a clareza e a verdade dos fatos e seus conteúdos. Portanto, o termo “fake news” não caberia a uma notícia. Por isso, o ideal é que uma informação distorcida ou enganosa seja chamada de “desinformação”. Já que, por definição, um conteúdo só vira notícia depois de passar por uma apuração criteriosa dos fatos, que atestem a veracidade do seu conteúdo.
O tom é neutro? Apresenta fatos?
Mostra diferentes pontos de vista?
Os fatos têm sustentação?
Quem disse? As fontes têm credibilidade?
Quem é o autor? uma organização? é independente ou tem alguma motivação política ou financeira?
Não! Isso porque mentira e erro são situações bem diferentes. Uma informação falsa jamais pode ser considerada notícia. Já um erro é passível de acometer alguma informação produzida por um profissional.
A exemplo do que diz Clara Becker, das Redes Cordiais, assim como médicos, engenheiros, professores e qualquer outro profissional, jornalistas também erram.
“Mas mesmo o erro do jornalismo não pode ser chamado de fake news porque também não são sinônimos. O jornalismo tem mecanismos próprios ou jurídicos — o direito de resposta, assegurado pela Lei 13.188 — para consertar uma informação errada. O leitor sempre sabe quem fez uma reportagem jornalística, seja pela identificação do veículo em que ela foi publicada, seja pelo jornalista que a assina. Já o autor de uma fake news quase sempre se esconde no anonimato”.
Enquanto a notícia trata de um caso específico, a reportagem fala de um tema mais amplo. Esse tipo de gênero apresenta informações mais aprofundadas sobre temas que despertam a atenção do público.
Um artigo de opinião ou uma coluna é um conteúdo argumentativo e por isso apresenta a opinião do autor sobre determinado tema. Não necessariamente a opinião de um colunista representa a mesma linha editorial de um veículo de comunicação.
O fato é algo que acontece ou aconteceu, é irrefutável.
Opinião é aquilo que você acha ou pensa sobre alguma coisa sem buscar referências.
NÃO ACREDITE EM TUDO O QUE VOCÊ VÊ!
É muito comum que conteúdos falsos sejam publicados com títulos sem relação com o texto ou que manipulam as informações. Ler uma publicação do início ao fim antes de compartilhá-la diminui as chances de espalhar um boato.
O autor usa palavras em caixa alta ou adjetivos em excesso? Você consegue identificar erros nas palavras? Então ligue o alerta vermelho!
Manchetes e textos alarmistas e sensacionalistas podem até despertar a curiosidade, mas o objetivo costuma ser apenas conseguir cliques na internet. Tenha o bom senso: se uma notícia parecer, à primeira vista, inacreditável, talvez seja justamente porque ela não existe.
Quando uma informação é verdadeira e relevante, ela provavelmente foi publicada por algum veículo profissional de imprensa. Procure saber se já existe alguma reportagem sobre o assunto em um veículo confiável e confira a apuração: o jornalismo tem o compromisso de ouvir e incluir o outro lado da história.
É fácil atribuir um número ou uma informação a um órgão oficial ou a uma organização privada, mesmo que seja falso. Por isso, é necessário sempre checar as fontes. Muitos órgãos públicos apresentam dados em seus sites, o que facilita a pesquisa.
1 – Acesse a publicação que deseja denunciar e clique nos três pontinhos (…) no canto superior direito da publicação
2 – Selecione a opção “obter apoio ou denunciar publicação
3 – Clique na opção que melhor descreve como a publicação viola os Padrões da Comunidade. Nesse caso, selecione a opção “informação falsa”
4 – Neste momento, será questionado se a informação enganosa se relaciona à política, saúde, tema social ou outros. Você deve selecionar a opção que mais se encaixa na publicação que pretende denunciar
5 – Clique em “enviar” e está feito!
1 – Clique nos três pontinhos que aparecem no canto direito superior da publicação que você pretende denunciar
2 – Selecione a opção “denunciar”
3 – Em seguida, será questionado o motivo pelo qual você está denunciando a publicação
4 – Selecione a opção “informação falsa”
5 – Será questionado se a informação falsa trata de saúde, política, tema social ou outros. Você deve selecionar a opção que mais se encaixa na publicação que pretende denunciar
6 – Clique em “enviar denúncia” e está pronto!
1 – Pressione o vídeo que você escolheu até que apareçam as opções
2 – Selecione a opção “relatar”
3 – Em seguida, aparecerá uma lista de motivos para a denúncia, e então selecione a opção “informações enganosas”
4 – Em seguida, selecione a opção que mais se encaixa no vídeo que pretende denunciar
5 – Depois, clique em enviar
Para denunciar no YouTube, o usuário precisa:
1 – Clicar nos três pontos no canto direito do vídeo
2 – Em seguida, clicar em “denunciar”.
No WhatsApp, é possível denunciar um contato ou um grupo.
A plataforma não notifica o usuário ou grupo que foi denunciado.
1 – Para denunciar, abra a conversa com o usuário
2 – Toque em Mais opções > Mais > Denunciar.
No Telegram, há a opção de denunciar grupos, canais ou conversas. O procedimento para relatar em cada um é o mesmo:
1 – Abra o canal, grupo ou contato
2 – Clique nos três pontinhos no canto superior direito
3 – Em seguida, aperte “Denunciar”.
As agências de checagem são compostas por profissionais capacitados e treinados para fazer a checagem de fatos e identificar conteúdos com desinformação. Os profissionais são conhecidos como “checadores”. Portanto, se você tiver dúvidas e desconfiar de alguma “fake news”, busque ajuda dos checadores.
Conheça algumas da principais agências de checagem no Brasil:
Nascida da inquietação provocada pelo momento presente de potencialização das narrativas desinformacionais nos ambiente da saúde e no campo político, além de outros, a Rede Nacional de Combate à Desinformação foi pensada inicialmente dentro da pesquisa de Pós-Doutorado que realizamos junto à Escola de Comunicação da UFRJ em 2019.
A RNCD interliga projetos e instituições de diversas naturezas que trabalham e contribuem de alguma forma para combater o mercado da desinformação que floresce em nosso Brasil. São coletivos, iniciativas desenvolvidas dentro de universidades, agências, redes de comunicação, revistas, projetos sociais, projetos de comunicação educativa para a mídia e redes sociais, aplicativo de monitoramento de desinformação, observatórios, projetos de fact-checking, projetos de pesquisa, instituições científicas, revistas científicas, dentre outros.
A ideia é tão somente, unir esforços, praticar a sinergia, potencializar a visibilidade do trabalho realizado em cada projeto e criar uma onda contrária ao movimento da desinformação.
Se você tem interesse em aprender mais sobre o fenômeno da desinformação e como ele afeta a sociedade, confira as indicações de livros na área:
Autora: Patrícia Campos Mello
O relato de uma das maiores jornalistas da atualidade sobre as ameaças à liberdade de imprensa no Brasil e no mundo.
Dias antes do segundo turno da eleição de 2018, Patrícia Campos Mello publicou a primeira de uma série de reportagens sobre o financiamento de disparos em massa no WhatsApp e em redes de disseminação de notícias falsas, na maior parte das vezes em benefício do então candidato Jair Bolsonaro. Desde então, a repórter tornou-se alvo de uma violenta campanha de difamação e intimidação estimulada pelo chamado gabinete do ódio e por suas milícias digitais.
Em A máquina do ódio, Campos Mello discute de que forma as redes sociais vêm sendo manipuladas por líderes populistas e como as campanhas de difamação funcionam qual uma censura, agora terceirizada para exércitos de trolls patrióticos repercutidos por robôs no Twitter, Facebook, Instagram e WhatsApp — investidas que têm nas jornalistas mulheres suas vítimas preferenciais.
Autor: Giuliano da Empolli
Aos olhos dos seus eleitores, as *deficiências* dos líderes populistas se transformam em qualidades, sua inexperiência demonstra que não pertencem ao círculo da “velha política”, e sua incompetência é uma garantia da sua autenticidade. As tensões que causam em nível internacional são vistas como mostras de sua independência, e as fake News, marca inequívoca de sua propaganda, evidenciam sua liberdade de pensamento.
Autor: Matthew D’Ancona
Bem-vindos à era da pós-verdade: uma época em que a arte da mentira está abalando as próprias fundações da democracia e do mundo como o conhecemos. Neste livro surpreendente e revelador, a pós-verdade é diferenciada de uma longa tradição de mentiras políticas, mostrando o poder das novas tecnologias e das mídias sociais de manipularem, polarizarem e enraizarem opiniões. Pós-verdade – Segundo o dicionário: substantivo. Quando os apelos à emoção, a crenças e ideologias têm mais influência em moldar a opinião pública que os fatos objetivos. Como podemos defender a verdade em uma época de mentiras, os chamados fatos alternativos? Nesta obra, um dos mais respeitados jornalistas políticos britânicos investiga como chegamos até aqui, explica por que a resignação não é uma opção e revela como podemos e devemos nos defender e contra-atacar.
Autores: Cristina Tardáguila e Chico Otavio
Sim. Você foi enganado. Ao longo da história do Brasil, candidatos à Presidência da República, vice-presidentes e presidentes eleitos faltaram com a verdade na hora de se dirigir à população. Independentemente de partido, se não mentiram, muitas vezes optaram por omitir dados ou induzir os cidadãos a conclusões equivocadas sobre o cenário político. Em Você foi enganado, os jornalistas Cristina Tardáguila e Chico Otavio apresentam uma seleção de casos que marcaram nossa história, desde 1920 até os dias atuais.
• BBC News
https://www.bbc.com/portuguese/internacional-41843695
• Desinformante
https://desinformante.com.br/como-denunciar-fake-news-no-instagram/
• Educamídia
https://educamidia.org.br/api/wp-content/uploads/2020/07/AULA_Muito-al%C3%A9m-das-fake-news-V2.pdf
• Fato ou Fake
https://g1.globo.com/fato-ou-fake/noticia/2018/09/25/fato-ou-fake-saiba-como-identificar-se-um-conteudo-e-falso.ghtml
• Instituto Palavra Aberta
https://www.palavraaberta.org.br/artigo/como-queremos-enfrentar-as-fake-news
• LAPIN – Laboratório de Políticas Públicas e Internet
https://lapin.org.br/
• Redes Cordiais
https://www.redescordiais.org.br/conteudo/se-e-fake-nao-e-news/
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